sábado, 13 de março de 2010

Os cegos do Majestoso

Disseram que domingo, no jogo da Ponte contra o spfw alguns torcedores da Ponte bateram em cegos que comemoraram o gol do sp no meio da nossa torcida.
Bater em cego é feio. Feio pra caralho.
Vou escrever de novo bem devagarinho:
Bater em cego é feio. Feio pra caralho.

Mas torcer pro sp também não é nada bonito.
Não tiro o direito nem quero, pelamordedeus! A figura do saopaulino é o que faz o Pontepretano mais diferente na arquibancada, a nossa arena.

Deixa eu parar pra explicar o que quer dizer arena, antes que me encham o saco:
Arena é o degrau da arquibancada onde ganha a torcida que melhor inflamar o seu time.
Domingo passado, por exemplo, nós ganhamos.
O duelo entre Rogeria, Washington... contra Martini e Finazzi deu no jornal, mas na aqruibancada a Ponte ganhou o jogo!
Quem tava lá viu.

Isso é importante para a gente.
Somos torcedores pontepretanos.

Eu não jogo bola, pela Ponte. Assim, não tem como eu fazer dois gols e ganhar o jogo. Não posso passar na casa de cada amigo pra levar ele para o Estádio, de modo que não tenho responsabilidade direta sequer sobre o público das partidas da Macaca, o que é importante para uma torcida.
Para fazer da torcida da Ponte uma torcida respeitada e fazedora de resultado, o que está ao meu alcance é ir e gritar.

Hoje em dia os boleiros chegam à Ponte tendo passado por seis, sete, dez clubes no caso dos mais velhos. Eles conhecem várias torcidas. Eu acho fundamental que eles saibam que cinco mil pontepretanos fazem MUITAS VEZES MAIS barulho do que cinco mil curintianos. E qualquer outra raça do futebol.

Quereo que o leitor entenda como funciona o cérebro (ou como ele deixa de funcionar às vezes) de um torcedor que torce para uma potência histórica do interior do país e que forma opinião pela Ponte Preta a despeito do que tenta fazer a mídia.

Nosso orgulho não são os títulos que a Ponte já conquistou. Nosso orgulho é ser uma torcida foda.

Voltando ao assunto, não estou absolutamente (pelo amor de Deus!) passando paninho em um cara que bate em um cego.

Mas.

Quando alguém vem no meio da macacada e não canta nada, eu já acho que se trata de um gozador dos direitos assegurados no Estatuto do Torcedor. Não acho que seja um Torcedor Pontepretano.

Agora, comemorar gol do São Paulo no meio da torcida da Ponte Preta? Ahh. Peralá! Isso é coisa que seguro de vida nenhum deveria cobrir! Isso é medir a febre, é tentativa de suicídio com agravantes, é querer muito muito muito mesmo levar uns tapas na cabeça!

Com a ajuda de Deus, eu nunca serei o carrasco desse fanfarrão ou suicida. Não serei nunca eu o Pontepretano que vai bater em um cego.

Mas conhecendo a habilidade sensorial do deficiente visual eu tenho certeza de que ele sabia perfeitamente que estava rodeado de Pontepretanos.

O fato de uma pessoa ser cega seguramente não lhe dá o direito de, dentro do Majestoso, rodeado de Pontepretanos (aos ouvidos dos jogadores e da arbitragem, no meio da nossa torcida portanto, gritar comemorando o gol do spfw.

A pessoa tem o direito de fazê-lo, aos olhos da sociedade, em qualquer outro lugar. Aos meus olhos, a pessoa tem o direito ser paulina, particularmente, dentro da casa dela ou no Morumbi.

Comemorar gol de outro time dentro da torcida da Ponte Preta é um direito que papel algum vai assegurar, nunca.

Um comentário:

  1. Ontem escutei pessoas em que confio e que assistiram tudo.
    Não eram cegos, eram pessoas com visão reduzida, problema de visão.
    Não estavam caracterizados (atrás de uma cordinha com o símbolo universal de deficiente, por exemplo) nem portavam bengala ou óculos escuros.

    ResponderExcluir