Se eu ganhasse um real para cada vez que um cliente me alugou de graça. Um real a cada vez que me ofereceram uma oportunidade de mostrar meu trabalho (de graça). Um real para cada vez que um cliente me disse que precisava da arte para entrar na gráfica domingo à noite sem falta. Um real para cada idéia que me roubaram, ou que tentaram proteger de mim.
Se eu tivesse ganhado um real cada vez que me preocupei em receber dinheiro em troca de um pouco do meu trabalho. Um real cada vez que dei meu talento e um tanto de suor sem esperar nada em troca. Ou mesmo esperando. Um real só.
A impressão que eu tenho é de que talvez hoje eu nem precisasse mais de dinheiro.
Pensando assim eu devia era fixar o preço da arte final em um real.
É tão difícil por preço em arte.
Não se pode cobrar por tempo. Acontecem trabalhos violentamente bons em dez minutos, meia hora. E também o tempo que aquele panfleto demora para ficar pronto vai dos meus sete anos até a hora do Ctrl+S. Ninguém vai pagar minha pós-graduação em troca de um cardápio eficiente e bonito, por exemplo.
Se eu tivesse coragem eu fixava o preço da arte em, digamos, dez reais. Tanto faz se é a minha prima que precisa de um cartão de visitas para vender jóias, um convite de aniversário da minha afilhada, ou um logotipo que vai ser veiculado em três continentes. Sentei na frente da folha em branco, é dez reais. Saia o que sair.
Mas não seria corajoso, seria burro. Porque a minha prima não ia se ofender, pelo contrário, ficaria até mais à vontade de me pedir a arte do convitinho. Já aquele amigo empreendedor que está querendo uma marca com a eficácia da Coca-Cola, com manual de utilização e arquivos em DVD, vai achar uma sacanagem eu cobrar dez reais dele nesse momento em que ele está começando, afinal, eu sei que ele não dispunha desse dinheiro agora.
Enfim vou escutar dele, mais uma vez, que ele vai sim ter dinheiro, mas agora não tem, e que um dia vai poder me pagar, e eu vou sentir que deveria ter cobrado pelo menos aquele um realzinho do começo da história.
Ainda porque sempre que ele não pagar ele vai ajudar a escolher a cor, ou sugerir outra letrinha.
quinta-feira, 22 de abril de 2010
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Comentário do DIEGO UMPIERREZ, via emeio:
ResponderExcluirvai calculando apenas um real pingando constantemente no seu bolso, plin ... pingou mais um real ...
ai você se questiona se deve ou não por um preço na arte?! claro que não! arte não tem preço!
o que tem preço é a água, a Luz, o arroz e o feijão, o leite das crianças, a gazolina, suas roupas, o aluguel, a internet, os estudos, o suor, etc. tudo tem preço menos a arte.
por que a arte é aprimoramento é dadiva é prática, é o que impulciona qualquer movimento isso não tem preço, é imensurável é divino.
agora todo o resto brow tem um preço, então coloca um preço no trabalho, tenho até uma sugestão, um real.
ping... pingo mais um real no seu bolso.....
Abraço
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Outro, maninho! Que Deus nos abençoe!