domingo, 24 de outubro de 2010

Bullying and bullshits

Lembra daquele ritual de passagem dos índios que calçavam luvas de palha trançada com formigas presas de ferrão para dentro? Passou na TV quando eu era moleque, na ótima TV Manchete.
As crianças iam crescendo e chegava uma ora em que eram chamados a atravessar um monte de festividades e provas, fumos, danças, orações... lá, a uma certa hora da passagem, as crianças enfiavam as mãozinhas nessas luvas, equipadas com as formigas mais fiadasputa da selva.
Os moleques iam então saboreando cada picada até virar as bolas dos olhos. tinham alucinações de tanta dor e acordavam Homens.
Os antropólogos sempre viram com muito belos olhos esse rito de passagem, tecendo paralelismos com tudo o que nossos curumins passam na city, hoje no condomínio. Desde as festenhas de 15 anos até o quartel.
Considere-se que aquela época era justamente a época em que se consolidaram as bases para que hoje seja proibido qualquer tipo de sofrimento imposto aos crescentes.
Se a transformação das crianças em adultos não acontece assim naturalmente, num dado alvorecer, porque é que deveria ser assim culturalmente? Não é assim, não é mesmo?
Eu que sou herdeiro dessa antropologia e estudei na Comunitária durante a abertura democrática acho lindo os indiozinhos sentirem vontade de passar aquela dor toda para sair da oca numa manhã feito homem.
Acho que pequenas coisas como essa deveriam ir acontecendo sempre na vida das pessoinhas, para que eles tenham experiências e saibam como lidar com o medo, com a dor, com o chão... e só conheço um jeito.
Dói filho, você me desculpa, mas funciona. Cura, ensina e fortalece.

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